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Crônica semanal de geopolítica internacional. Os fatos que são notícia no mundo analisados por Thiago de Aragão, direto dos Estados Unidos, e Flávio Aguiar, da ...

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  • "Retorno de Trump à Casa Branca é novo pesadelo para a Europa", diz analista político
    Nos últimos anos, duas preocupações cresceram entre a maioria dos governantes na Europa, na União e fora dela. A primeira foi a tensão com a Rússia, provocada pela guerra na Ucrânia. Na esteira dos Estados Unidos e da Otan, a maioria dos países europeus alinhou-se ao apoio financeiro e militar do governo de Kiev. Flávio Aguiar, analista políticoA segunda foi a de que, com o crescimento dos partidos de extrema direita, a pauta de quase todos os governantes e partidos europeus, da centro-esquerda à direita tradicional, passou a assimilar de modo mais orgânico o repúdio a imigrantes e refugiados, sobretudo àqueles que vêm do antigo Terceiro Mundo, hoje Sul Global, e aos oriundos dos países muçulmanos.A Rússia, a “invasão” do espaço europeu por aqueles considerados como estranhos a seu universo cultural e até religioso, o suposto terrorismo importado dos países árabes: eis um coquetel explosivo que alimenta alguns dos pesadelos mais aterrorizantes de governantes e governados preocupados em preservar os valores tidos por eles como autenticamente europeus, em torno da democracia liberal e do liberalismo econômico.Agora um novo pesadelo veio se juntar aos já mencionados: a posse, a partir desta segunda-feira (20), de Donald Trump em seu segundo mandato na Casa Branca.Jamais um presidente norte-americano acumulou tantos poderes. Ele tem a seu lado a maioria nas duas casas do Congresso em Washington, uma sólida maioria na Suprema-Corte, que lhe garantiu imunidade criminal enquanto estiver no cargo, e o alinhamento explícito de duas das maiores Big Techs mundiais, lideradas por Elon Musk e Mark Zuckerberg. Outras devem aderir a este verdadeiro consórcio digital, informativo ou des-informativo, conforme o ponto de vista favorável ou crítico a elas.Elon Musk já apontou suas baterias para a Europa, aliando-se explicitamente aos partidos de extrema-direita em alguns países, como o Reino Unido e a Alemanha. Zuckerberg promete suspender o sistema de verificação da credibilidade das informações que circularem na sua Big Tech.Os problemas europeus, entretanto, não têm raízes apenas em fontes definidas como externas. A própria Europa navega num mar de turbulências e incertezas.Os governos da dupla principal da União Europeia, França e Alemanha, estão fragilizados. Em 2024 a França teve quatro primeiros-ministros. O atual, François Bayrou, escapou de um voto de desconfiança na Assembleia Nacional fazendo concessões ao Partido Socialista, entre elas a de rediscutir a proposta de reforma de Previdência Social defendida pelo presidente Emmanuel Macron.Na Alemanha, o primeiro ministro social-democrata, Olaf Scholz, enfrentará uma eleição difícil em fevereiro. De momento, as pesquisas de intenção de voto são amplamente desfavoráveis a seu partido.Partidos de extrema direita estão no poder na Hungria e na Itália, e acossam os governos da Escandinávia, antes um verdadeiro santuário da social-democracia. Na Áustria, o Partido da Liberdade, de extrema direita, foi o mais votado na última eleição e agora tenta formar um governo de coalizão com a direita tradicional.O Acordo de Shengen, que prevê a livre circulação entre os países europeus, está ameaçado, porque vários deles estão restabelecendo controles policiais em suas fronteiras terrestres.Desafios econômicosA economia da União Europeia está fragilizada. O alinhamento da Alemanha, que representa 30% do PIB da Zona do Euro, com o governo de Kiev terminou por provocar a interrupção do fornecimento do gás russo para o país. A indústria alemã entrou em recessão, acossada pela concorrência chinesa na produção de veículos elétricos e prejudicada pela turbulência no comércio mundial, graças à guerra na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio. A Alemanha segue sendo a principal exportadora e importadora de produtos europeus. Uma crise nela atinge todo o continente.Até a recente assinatura do Acordo de Parceria entre a União Europeia e o Mercosul é fonte de desavenças, com a Alemanha desejando sua rápida implementação, enquanto o setor agropecuário, da Espanha à Polônia, faz-lhe forte oposição.Trump e seus aliados são imprevisíveis. O que fará ele na Ucrânia? No Oriente Médio? Serão suas afirmações de anexar o Canal do Panamá, a Groenlândia e o Canadá apenas blefes retóricos?Deste quadro complicado extrai-se uma única certeza: a Europa enfrentará dias de profundas incertezas pelos próximos quatro anos do mandato de Trump..
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  • Declaração de Donald Trump sobre Canal do Panamá mostra incompreensão do republicano
    No teatro das absurdidades políticas, as recentes declarações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sobre o Canal do Panamá merecem aplausos – ainda que irônicos. Sugerir que os EUA deveriam “reassumir” o controle do canal, uma artéria vital para o comércio global, não apenas ignora o contexto histórico de sua transferência para o Panamá, mas também demonstra uma profunda incompreensão da geopolítica moderna. O canal, construído pelos Estados Unidos no início do século XX, foi entregue ao Panamá em 31 de dezembro de 1999, conforme os Tratados Torrijos-Carter assinados em 1977. Essa transição foi um marco monumental para a soberania panamenha, celebrada como uma vitória diplomática e um progresso nas relações entre Washington e a América Latina. Agora, mais de duas décadas depois, sugerir que os EUA deveriam “reassumir” seu controle não é apenas estranho, mas praticamente impossível sem desmontar as regras internacionais estabelecidas.A apreensão de Donald Trump sobre a influência chinesa nas operações do canal até tem uma ponta de verdade. Empresas chinesas investiram estrategicamente em instalações portuárias perto das entradas do canal, levantando preocupações em Washington. Mas aqui está a questão central: se há alguma culpa por esse suposto “avanço” chinês, ela recai inteiramente sobre os próprios Estados Unidos.Durante anos, o engajamento dos EUA com a América Latina – e com o Panamá em particular – tem sido marcado pela inconsistência, negligência e falta de visão estratégica. Enquanto Washington desviava sua atenção para outras regiões ou se via atolada em crises políticas internas, Pequim ocupava o espaço vazio com empréstimos, investimentos e projetos de infraestrutura. Não se trata de a China ter superado os EUA em uma competição justa; trata-se de os EUA simplesmente não terem comparecido ao jogo.As parcerias do Panamá com empresas chinesas não são uma questão de alinhamento ideológico ou de uma grande traição ao Ocidente. Trata-se de pragmatismo. A China ofereceu investimentos em infraestrutura quando Washington só tinha retórica para oferecer. Em vez de fomentar laços mais estreitos com o Panamá e outros países da América Latina, os EUA frequentemente trataram a região como uma reflexão tardia, criando terreno fértil para que outras potências ganhassem influência.Modelo de eficiência e neutralidadeMesmo agora, enquanto Trump reclama, o Panamá mantém total soberania e controle operacional do canal. A Autoridade do Canal do Panamá – um modelo de eficiência e neutralidade – garante que o canal permaneça aberto e acessível a todas as nações. Os investimentos chineses em instalações ao redor podem ser dignos de nota, mas não equivalem a propriedade ou controle do canal em si.A sugestão de Trump de reassumir o controle do canal não apenas ignora os obstáculos legais e diplomáticos, mas também corre o risco de alienar toda a região. Os países da América Latina, incluindo o Panamá, há muito ressentem intervenções pesadas dos EUA. Qualquer discurso sobre “reassumir” o que é legitimamente deles apenas aprofundaria feridas históricas e os empurraria ainda mais para os braços de outras potências globais, como a China.Se os EUA realmente desejam conter a influência chinesa na região, precisam repensar sua abordagem. Em vez de emitir ameaças veladas ou sonhar nostalgicamente com controle imperial, Washington deveria se concentrar em reconstruir a confiança e oferecer benefícios concretos aos seus vizinhos. Investimentos em infraestrutura, parcerias comerciais e intercâmbios culturais podem fazer muito para reafirmar os EUA como um parceiro confiável.As declarações de Trump sobre o Canal do Panamá podem agradar a certos públicos domésticos, mas revelam uma profunda falta de compreensão sobre as complexidades da geopolítica latino-americana. O canal não é apenas uma via de transporte; é um símbolo da soberania panamenha e um lembrete do que a diplomacia eficaz pode alcançar. Se os EUA realmente desejam influenciar o futuro do canal, devem começar refletindo sobre seus erros do passado e traçando um caminho mais inteligente para o futuro das relações com países da América Latina.
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  • Análise: comentários de Musk sobre política alemã e britânica não são vistos com bons olhos na Europa
    Ele está em toda parte, promovendo o que entende por “bem” e combatendo o que entende por “mal”. Sua visão de mundo não reconhece fronteiras. É cidadão norte-americano, mas vê a si mesmo como um “cidadão do mundo”, de alcance planetário, atuando nos cinco continentes habitados. É o Batman? O Capitão América? O Super-Homem? Não! Ele é muito mais do que um super-herói de ficção. Flávio Aguiar, analista políticoEle é real. Ele é Elon Musk, o multibilionário que nasceu na África do Sul, transitou pelo Canadá, naturalizou-se norte-americano e nas últimas semanas habita um chalé de luxo em Mar-a-Lago, a cidadela do ex-presidente e agora de novo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em Palm Beach, na Flórida.O referido chalé se situa a algumas centenas de metros da casa principal, ocupada por Trump. Nomeado para ser um dos secretários para a Promoção da Eficiência Governamental, junto com outro empresário de sucesso, Vivek Ramaswamy, hoje Musk é descrito como um dos conselheiros mais influentes de Donald Trump. Não só quanto à administração do governo, mas também sobre todos os assuntos relevantes para um presidente dos Estados Unidos, inclusive a política externa.Elon Musk nasceu em 1971 na cidade de Pretória, sede do Poder Executivo da África do Sul, primogênito de três irmãos e de alguns meio-irmãos, dentro de uma próspera família branca. Entretanto, já descreveu seu pai, Errol Musk, como “um homem violento” de quem sua mãe se divorciou quando ele ainda era criança. Musk começou seus estudos em Pretória, mas ainda jovem mudou-se para o Canadá, onde sua mãe tinha parentes. Depois foram para a Califórnia, nos Estados Unidos.Ele tornou-se um empresário de grande sucesso, agindo em vários ramos, como no setor de comunicações e redes sociais, no automotivo e na produção de energia renovável, sobretudo solar e tem investimentos no mundo inteiro. É considerado o homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em mais de US$ 450 bilhões.Musk na política mundialO magnata fez uma doação de US$ 250 milhões para a campanha de Donald Trump em 2024, tornando-se seu principal financiador. Por isso há quem diga, ironicamente, que antes de ser nomeado para o governo, foi Musk que empregou Trump como seu político preferido.Politicamente, Musk teve uma atuação oscilante no passado. Fez doações para o Partido Democrata e para o Partido Republicano. Consta que na eleição presidencial de 2016 votou em Hillary Clinton, que concorreu contra Donald Trump. Porém, pouco a pouco sua preferência foi convergindo para políticos de extrema direita, em escala mundial.O empresário interferiu, semeou controvérsia e confusão no Canadá, na Austrália, na França e na União Europeia. Sua rede social X, o antigo Twitter, envolveu-se em controvérsia judicial até no Brasil, chegando a ser fechada por ordem do juiz Alexandre de Moraes, acusada de afrontar a legislação do país. Musk recuou, acatou as regras de Moraes e reativou o X no Brasil, sendo um dos poucos casos em que ele conheceu e reconheceu uma derrota política e judicial.Além de atuar nos Estados Unidos ao lado de Trump, nos últimos tempos voltou-se para o Reino Unido e agora, no apagar das luzes de 2024 e chegada de 2025, aterrissou na política alemã, como de costume, provocando terremotos.Aproximação com a extrema direita europeiaNo Reino Unido aproximou-se de Nigel Farage, líder do partido de extrema direita “Reform UK”, “Reforma o Reino Unido”. Criticou o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer quando este mandou reprimir manifestações e agressões islamofóbicas contra cidadãos muçulmanos.Mais recentemente pressionou o governo de Londres para libertar Tommy Robinson, líder de extrema direita, acusado de incitar a violência contra os muçulmanos.Nas últimas semanas, Musk teceu críticas pesadas ao atual chanceler alemão, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata, chamando-o de “fool”, que se traduz por “louco”, mas que no contexto significa algo como um “bufão desmiolado”. E literalmente acendeu uma fogueira ao defender o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, “Alternative für Deutschland”), afirmando que ele é o único que “pode salvar o país” e pedindo que votem nele na eleição prevista para fevereiro.A atitude de Musk levantou polêmicas na mídia alemã, despertando defesas e críticas de políticos e jornalistas. O próprio chanceler deu-lhe uma indireta, dizendo que quem vai decidir o futuro da Alemanha é o povo alemão e não algum dono de rede social.O jornalista Georg Diez escreveu no jornal Zeit um artigo intitulado “O feudalismo está de volta”, dizendo que Musk não se comporta como um empresário, mas sim como um príncipe medieval. Eu diria mais: ele, na verdade, vem se comportando como um papa medievo, que procurava regrar o comportamento das nações e dos estados modernos então emergentes. Um papa arrogante, que se acha eleito não pelo Colégio dos Cardeais, mas pelos bilhões de dólares que possui.
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  • As cicatrizes do Apartheid na África do Sul 30 anos depois do fim do regime
    Há exatos 30 anos o regime do Apartheid chegou ao fim na África do Sul. Os principais personagens deste final pacífico para um dos regimes mais odiosos de segregação racial da história humana foram o líder do Congresso Nacional Africano (CNA), o negro Nelson Mandela, e o líder do Partido Nacional da África do Sul (PN), o branco Frederik William De Klerk. Em 1994, na primeira eleição realmente universal e democrática no país, Mandela foi eleito presidente, cargo que ocupou até 1999. Flávio Aguiar, analista políticoO regime do Apartheid foi oficialmente instituído na África do Sul a partir de 1948, quando o Partido Nacional, liderado por Daniel Malan, venceu as eleições comprometendo-se a manter a supremacia política, econômica e cultural da minoria branca, constituída sobretudo pelos então chamados de Boers, descendentes dos colonos holandeses, hoje chamados de Afrikaaners.O regime segregacionista voltado contra a maioria negra tinha antecedentes longínquos, promovidos pelo colonialismo europeu dos portugueses, da Companhia das Índias Orientais e do Império Britânico, que dominou a maior parte da região até quase o começo da Primeira Guerra Mundial. Entretanto, o regime de discriminação racial instituído a partir de 1948 e conhecido com o nome de Apartheid chegou a um requinte cruel raramente vistos na história humana, “aperfeiçoando” as segregações anteriores.O principal arquiteto do regime teria sido Hendrik Verwoerd, que veio a ser primeiro-ministro sul-africano entre 1958 e 1966. Um exemplo do “aperfeiçoamento” do sistema de discriminação foi no chamado “Ato de Imoralidade”, de 1927, que proibia o casamento entre pessoas brancas e negras. O “Ato de Proibição de Casamentos Mistos”, de 1949, proibiu o casamento de pessoas brancas com pessoas de qualquer outra etnia.“Anonimato humano”O Apartheid reconhecia a existência de quatro “raças” no país: os brancos, os asiáticos, inicialmente chamados de indianos, os “coloured”, que no Brasil o IBGE chamaria de “pardos”, e os negros. Curiosamente, os documentos de identidade de brancos, asiáticos e “coloured” registravam a etnia de seu proprietário. Já os documentos dos negros não traziam nenhuma definição, os condenando a uma espécie de anonimato humano.A legislação do Apartheid era vasta e abrangente, e sua violação era considerada um crime contra o Estado, ou lesa-pátria, com punições extremamente severas. Estabelecia a segregação racial em todas as dimensões da vida, da intimidade sexual aos locais de trabalho. Abrangia a licença para o estabelecimento de residência, os locais de trabalho, os serviços públicos, o transporte, a educação, a saúde, o lazer e tudo o mais que a vida pudesse compreender.Apesar da forte resistência interna e internacional, os governos do Apartheid estiveram longe de permanecerem isolados. Devido à Guerra Fria, contaram com fortes apoios entre políticos conservadores, como Ronald Reagan nos Estados Unidos, Margareth Thatcher na Inglaterra, no sistema bancário e financeiro internacional, na indústria de armamentos e nos serviços de inteligência policial de diversos países em todos os continentes, inclusive africanos.O regime sul-africano se tornou um defensor dos remanescentes do colonialismo europeu na África e um apoiador de políticos de direita nos países que declaravam sua independência.Nelson MandelaPreso em 5 de agosto de 1962, Nelson Mandela tornou-se o principal líder e símbolo da resistência contra o regime, sendo condenado por alta traição algum tempo depois. Passou por algumas prisões durante os mais de 27 anos que ficou no cárcere.Mandela era submetido a um regime duríssimo. Podia escrever apenas duas cartas por ano, cada uma com no máximo 500 palavras, relidas sistematicamente pela censura antes de serem enviadas.Frederik William De Klerk, presidente do país entre 1989 e 1994, foi o político branco que chegou à conclusão de que os dias do Apartheid estavam contados, e se dispôs a apressar o seu fim antes que fosse tarde demais para uma solução negociada.Entre outras providências, apressou a libertação de Mandela, o que aconteceu no começo de fevereiro de 1990. Quatro anos depois, Mandela saia de sua casa no bairro de Soweto, em Johannesburgo, direto e triunfalmente para o Palácio Presidencial.País mais desigual do mundoSe a legislação do Apartheid foi varrida do mapa há 30 anos e hoje o regime é considerado um crime contra a humanidade, as suas cicatrizes estão longe de desaparecer. Um relatório do Banco Mundial de 2022 deu à África do Sul a incômoda posição de ser o país mais desigual do mundo.Por exemplo, os traços remanescentes da divisão de bairros residenciais por etnias são claramente visíveis, além de outros. Organizações não governamentais e agências do governo reconhecem a existência de racismo e de diferenças graves de oportunidades, emprego e serviços em prejuízo da população negra, que perfaz mais de 80% dos 62 milhões de habitantes do país, sendo que quem têm mais de 30 anos conheceu a vida sob o Apartheid.Entretanto, apesar das dificuldades, o sentimento que se percebe no tratamento cotidiano com quase todas as pessoas é de alegria e de um otimismo comedido. Claro: viver sob Apartheid devia ser algo tão horrível que qualquer outra forma de vida é bem-vinda.
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  • EUA: volta de plano de Trump para diminuir proteções trabalhistas de funcionários gera riscos econômicos
    O possível retorno do "Schedule F" no segundo governo Donald Trump pode alterar significativamente a estrutura da força de trabalho federal dos Estados Unidos. Introduzido inicialmente em outubro de 2020, o plano tinha como objetivo reclassificar funcionários públicos federais, possibilitando sua contratação e demissão sem proteções trabalhistas. Thiago de Aragão, analista políticoEmbora tenha sido revogado pelo presidente Joe Biden em janeiro de 2021, antes de sua plena implementação, relatórios recentes indicam que Trump planeja restabelecer o "Schedule F" imediatamente ao assumir o cargo.A reintrodução do plano envolveria um processo rápido em duas fases. Primeiro, as agências federais identificariam os cargos que atendem aos critérios de reclassificação, com foco em funções relacionadas à formulação de políticas, tomada de decisões, advocacia e atividades confidenciais. Em seguida, o Escritório de Gestão de Pessoal (OPM) revisaria e aprovaria essas classificações, potencialmente em um prazo de 90 dias, levando a uma rápida transformação da estrutura da força de trabalho federal.As implicações financeiras dessa reclassificação podem ser substanciais. O processo pode envolver custos relacionados a pagamentos de indenizações, despesas administrativas para reclassificação, além de possíveis litígios decorrentes de problemas legais. Os defensores argumentam que, apesar dessas despesas iniciais, economias de longo prazo poderiam ser alcançadas, com maior flexibilidade das equipes de trabalho e redução da ineficiência gerada pela burocracia.Os críticos expressam preocupações sobre a possível erosão do conhecimento institucional e o risco de politização de cargos tradicionalmente apartidários. A reclassificação poderia levar ao deslocamento de servidores experientes, prejudicando o sistema de serviço público baseado no mérito e potencialmente causando interrupções nas operações governamentais. Além disso, há temores de que tais mudanças possam comprometer a precisão de dados governamentais críticos, já que agências como o Bureau of Labor Statistics, que coleta, processa, analisa e divulga dados estatísticos, poderiam ser afetadas pela politização de seus funcionários.As implicações mais amplas da volta do "Schedule F" vão além do emprego federal direto. Contratantes do governo, particularmente em regiões como Washington, Maryland e Virginia, podem precisar ajustar seus modelos de negócios para lidar com o aumento da rotatividade entre seus parceiros federais. Governos estaduais que dependem de orientações e cooperação federal também podem precisar desenvolver planos de contingência para enfrentar possíveis interrupções na coordenação entre os níveis federal e estadual.
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