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    Papa Leão XIV pede trégua global no Natal e celebrará primeira Missa do Galo de seu pontificado

    24/12/2025

    Leão XIV propôs um dia de trégua no mundo inteiro para este dia de Natal. Embora não tenha mencionado nenhum conflito em particular, o sumo pontífice se disse "entristecido" pela rejeição de seu pedido pela Rússia. As declarações foram feitas na saída do Castel Gandolfo, residência papal nos arredores de Roma, antes de se dirigir ao Vaticano onde, nesta quarta-feira (24), celebrará a primeira Missa do Galo como pontífice, dando início a uma série de eventos tradicionais da Igreja Católica.  Gina Marques, correspondente da RFI em Roma O papa trará algumas mudanças nas cerimônias de fim de ano. A primeira delas é em relação ao horário. Leão XIV escolheu celebrar a Missa do Galo às 22h pelo horário local, 18h em Brasília, algo que não acontecia desde o pontificado de Bento XVI. Em 2009, Bento XVI havia transferido a Missa do Galo da meia-noite para as 22h, e posteriormente para as 21h30. Esse horário foi mantido pelo papa Francisco até 2020, quando, em razão da crise sanitária da Covid-19 e das restrições de circulação impostas na Itália, a celebração passou a ocorrer às 19h. Após a pandemia, o início da missa no começo da noite foi preservado, também em função da idade avançada e dos problemas de saúde do sumo pontífice argentino, que faleceu em abril passado, aos 88 anos. Agora, com 70 anos recém-completados, Leão XIV decidiu marcar novamente a Missa do Galo para as 22h, restabelecendo um horário intermediário entre a tradição da meia-noite e as antecipações adotadas nos últimos pontificados. Outra novidade de Leão XIV é que o pontífice volta a presidir a missa do dia de Natal, em 25 de dezembro, às 10 horas em Roma, 6 da manhã em Brasília. Há três décadas um papa não conduzia esta cerimônia; a última vez foi João Paulo II em 1994.   Nestes últimos 30 anos, os chefes da Igreja Católica costumavam realizar apenas a bênção Urbi et Orbi ("à cidade [de Roma] e ao mundo, em latim). Trata-se de um ritual público que apenas o sumo pontífice pode ministar. Ela ocorre tradicionalmente na varanda central da Basílica de São Pedro, ao meio-dia pelo horário local (8h em Brasília) no Natal e na Páscoa, e em outras circunstâncias excepcionais, como após a eleição do Santo Padre. Na mensagem que acompanha a benção, o papa costuma abordar as principais crises da atualidade. Mensagem de Leão XIV para o Natal O papa Leão XIV sugeriu que fiéis convidem pessoas ou famílias em situação de vulnerabilidade para a ceia de Natal e evitem o consumo excessivo durante as festas. A recomendação foi feita em resposta a uma carta de um leitor divulgada recentemente na revista Piazza San Pietro, uma publicação gratuita distribuída na Praça de São Pedro. Segundo o Santo Padre, o Natal deve ser vivido com “sobriedade e caridade concreta”. Ele criticou as compras superficiais, e incentivou os fiéis a abrirem suas casas para acolher pessoas pobres ou que estejam sozinhas na noite de Natal. Outras celebrações de Fim de Ano No dia 31 de dezembro, às 17h, hora local, 13h em Brasília, o sumo pontífice presidirá a celebração das Primeiras Vésperas e recitará o Te Deum, agradecendo a Deus o ano que passou. Em 1º de janeiro de 2026, o papa vai celebrar a Missa do 59º Dia Mundial da Paz na Basílica Vaticana, às 10h em Roma, 6h em Brasília. Finalmente, para concluir o Jubileu da Esperança, proclamado pelo Papa Francisco, Leão XIV presidirá o rito de fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro, em 6 de janeiro, dia da Epifania. Esta celebração ministrada por Leão XIV começará às 9h30 no Vaticano, 5h30 em Brasília. Vale lembrar que na Igreja Católica, o Jubileu, ou Ano Santo, é um período especial de perdão, reconciliação e renovação espiritual, celebrado ordinariamente a cada 25 anos, com raízes bíblicas. Ele convida os fiéis a uma conversão profunda, peregrinações e ao recebimento de indulgências plenárias. Este Jubileu dos Peregrinos da Esperança iniciou em 24 de dezembro do ano passado com a abertura da Porta Santa pelo papa Francisco. Essa será a segunda vez na história da Igreja Católica que um sumo pontífice abre um Jubileu e seu sucessor o encerra. O anterior ocorreu em 1700, quando o Ano Santo foi proclamado pelo Papa Inocêncio XII, mas devido à sua morte em 27 de setembro daquele ano, o período foi concluído por seu sucessor, o Papa Clemente XI. Mensagem do papa para Dia Mundial da Paz Na mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz, publicada recentemente, o pontífice fez um apelo por um mundo sem guerras, condenou a lógica da dissuasão militar e nuclear e afirmou que as relações entre os povos não podem ser baseadas no medo e no domínio da força. Leão XIV ainda criticou duramente os interesses econômicos que, segundo ele, alimentam a corrida armamentista e estimulam o aumento dos gastos militares no mundo. O papa também alertou para o crescimento global das despesas militares, que chegaram a US$ 2,72 trilhões em 2024, e criticou a justificativa de líderes políticos de que o aumento dos investimentos em armas é necessário diante de ameaças constantes. Além disso, Leão XIV chamou atenção para os riscos do uso da inteligência artificial em conflitos armados e defendeu o fortalecimento das instituições multilaterais e da cultura da paz.

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    Fluxo intenso de turistas neste Natal coroa ano recorde de passageiros entre Brasil e Portugal

    23/12/2025

    O movimento de passageiros entre Brasil e Portugal atingiu um novo recorde. Segundo dados da companhia aérea portuguesa TAP, mais de 2 milhões de pessoas viajaram na rota luso-brasileira ao longo de 2026, o maior número já registrado. O fluxo aumentou ainda mais neste período de festas, provocando longas filas na imigração dos aeroportos portugueses. Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa O impacto do crescimento do tráfego aéreo se tornou ainda mais visível com a aproximação das festas de fim de ano, especialmente em Lisboa. Filas de até seis horas chegaram a ser registradas na imigração. O movimento é impulsionado pelo aumento de turistas e pelo retorno de brasileiros residentes na Europa para celebrar o Natal. Portugal se consolida como um dos destinos preferidos dos brasileiros para o fim de ano. Além da facilidade linguística, o país oferece um Natal marcado por tradições religiosas, culturais e familiares, em meio ao inverno rigoroso. Nos primeiros dias da estação, a neve já cobre regiões do norte, criando uma paisagem deslumbrante para visitantes vindos de áreas tropicais. Tradições natalinas regionais atraem visitantes De norte a sul, as cidades portuguesas se preparam para receber visitantes com programações variadas. No Norte, as festividades preservam costumes ancestrais. A Consoada, celebrada na noite de 24 de dezembro, reúne famílias em torno do tradicional bacalhau, seguida da Missa do Galo, ainda central em muitas comunidades. Lareiras acesas e doces típicos, como bolo-rei e rabanadas, completam o cenário. Em Braga, conhecida como cidade dos arcebispos, o espírito natalino toma conta das ruas desde o início de dezembro, com destaque para o Mercado de Natal da Avenida Central, concertos e iluminação especial. A visita à Catedral para as celebrações religiosas continua sendo uma tradição marcante. No Centro, o Natal assume um caráter mais intimista. Aldeias e vilas preservam costumes antigos, como presépios artesanais feitos à mão, transmitidos entre gerações. Óbidos se transforma na famosa Vila Natal, com mercados, concertos e atividades para famílias. Entre os destaques estão Piódão, chamada de “Aldeia Presépio”, e Penamacor, onde uma grande fogueira comunitária é acesa após a Missa do Galo. Em Bragança, o evento “Bragança Terra Natal e de Sonhos” reúne pista de gelo, mercado, presépio vivo e atrações familiares. Lisboa, Algarve e o Natal urbano Na região de Lisboa e Vale do Tejo, o Natal assume um perfil mais urbano, sem perder a tradição familiar. As ruas da Baixa e da Avenida da Liberdade recebem iluminação especial, enquanto o Mercado de Natal do Rossio e o Wonderland Lisboa, no Parque Eduardo VII, oferecem atrações culturais, pista de gelo e atividades para todas as idades. Em Sintra, a atmosfera natalina se mistura à imponência do Palácio Nacional, que abriga um mercado natalino. No Sul, a celebração é mais simples e descontraída. No Algarve, a mesa inclui, além do bacalhau, doces típicos como dom-rodrigo, figos recheados e filhoses. Em Faro, mercados natalinos, concertos e corais infantis animam o centro histórico, enquanto a visita aos presépios, especialmente o da Sé, mantém viva uma tradição que encanta visitantes brasileiros. Novas rotas e fortalecimento da ligação luso-brasileira Diante da demanda crescente, a TAP estuda abrir novas rotas com foco nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O aumento do fluxo aéreo reflete não apenas o crescimento do turismo, mas também os vínculos familiares que atravessam o Atlântico.

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    Gaza: dúvidas e movimentações sobre a segunda fase do acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel

    22/12/2025

    O acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza obtido pelos Estados Unidos e países mediadores é frágil, mas se mantém. No entanto, ainda não avançou para a segunda fase, que prevê objetivos ambiciosos: um novo governo de transição em Gaza, o desarmamento do Hamas, a retirada das tropas israelenses e a entrada no terreno da chamada Força Internacional de Estabilização (ISF, em inglês). Para além dessas dificuldades, Israel e Irã retomaram a retórica de hostilidades entre si. Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, recebeu em Miami membros do alto escalão dos países mediadores para discutir a segunda fase do acordo na Faixa de Gaza. Conforme indicam fontes citadas pela imprensa israelense, os EUA e esses países mediadores (Catar, Egito e Turquia) acreditam que tanto Hamas quanto Israel querem a manutenção do status quo e, por isso, estão atrasando a implementação da segunda fase. Informações obtidas pela RFI apontam que o presidente norte-americano, Donald Trump, tinha a intenção de anunciar o início da segunda fase do acordo antes do Natal. Washington tem interesse em colocar em prática alguns dos pontos fundamentais do chamado Plano Trump já a partir do início de 2026: o chamado Conselho da Paz, uma entidade formada por nomes relevantes da política internacional e por palestinos não filiados ao Hamas; e a Força Internacional de Estabilização, que deve substituir o Exército de Israel na Faixa de Gaza. Leia tambémIsrael autoriza mais 19 colônias na Cisjordânia e continua ofensiva na Faixa de Gaza Em 29 de dezembro, Trump receberá o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para uma reunião cujo tema central deve ser o desarmamento do Hamas, outro item que compõe o plano do cessar-fogo e de estabilização de Gaza. Enquanto isso, dirigentes do Hamas têm repetido que não aceitam abrir mão das armas. Khaled Meshal, líder da organização no exterior, disse à rede de televisão Al-Jazeera que entregar as armas seria como "remover a alma" do grupo extremista. Ele também disse que estaria disposto a uma hudna, palavra em árabe para trégua - que poderia durar "cinco, sete ou dez anos". Não seria um reconhecimento da existência de Israel, nem um acordo de paz, mas uma pausa no conflito. Movimentações dos demais atores O chefe do serviço de Inteligência da Turquia, Ibrahim Kalin, e o chefe da equipe de negociações do Hamas, Khalil Al-Hayya, encontraram-se para discutir esse assunto em Istambul. Sobre isso, o Canal Público de Israel informa que as discussões estão suspensas até o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no dia 29 de dezembro, na Flórida. Outra fonte citada de forma anônima pelo portal israelense Ynet informa que os EUA e os países mediadores pressionam o Estado hebreu a seguir adiante com a próxima fase do plano, apesar de os restos mortais de Ran Gvili, o último refém israelense, ainda não terem sido devolvidos. Outro item que compõe a segunda fase do plano para Gaza ainda permanece indefinido: o desarmamento do Hamas. Em relação a este ponto especificamente, autoridades israelenses consideram que o Hamas estaria planejando uma encenação que incluiria a entrega de armas obsoletas de forma a ganhar apoio na comunidade internacional. Na última sexta-feira (19), o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, reuniu-se com autoridades do Catar, Egito e Turquia em Miami para discutir o avanço para a segunda fase do acordo. Ao final do encontro, houve uma declaração conjunta de apoio ao estabelecimento a curto prazo do chamado Conselho de Paz para servir como entidade de governo de transição em Gaza. Hostilidade entre Irã e Israel continua ativa Na Praça Palestina, em Teerã, murais exibem ameaças em hebraico, persa e árabe contra a cidade de Nahariya, no norte de Israel, localizada a cerca de oito quilômetros da fronteira com o Líbano, deixando claro que a cidade deve se preparar “antes da próxima guerra”. Ameaças como essa não são incomuns no Irã, que muitas vezes faz uso de mensagens em hebraico para causar terror psicológico nos israelenses.  Mas o caso de Nahariya chama a atenção por se tratar de uma cidade pacata na costa norte de Israel e onde não há nenhuma base militar, nenhuma instituição de governo relevante.  A RFI conversou sobre isso com Beni Sabti, especialista em Irã e membro do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS) de Israel. Para ele, a escolha de Nahariya se deve a questões geográficas; pelo fato de ser uma cidade que fica no norte do território israelense, mas do lado oposto à fronteira com a Síria. Segundo Sabti, os iranianos não querem problemas com o novo regime sírio, o que também explicaria a escolha de Nahariya.  "O regime iraniano quer criar medo nas pessoas. Se eventualmente houvesse uma imagem dos moradores abandonando a cidade, isso já seria uma vitória para o Irã", diz. Mas ele não acredita que haveria um plano real de ataque ou qualquer ação concreta por parte de Teerã.  Mossad manda recado ao Irã Segundo o chefe do Mossad, David Barnea, o Irã não abandonou a ambição de destruir o Estado hebreu. Ele também afirma que Israel tem a responsabilidade de impedir que o programa nuclear iraniano seja ativado novamente. "Não permitimos, nem permitiremos, que um mau acordo se concretize. Um país que tem estampado em sua bandeira a destruição de Israel, que enganou o mundo ao desenvolver armas nucleares e enriquecer urânio a níveis que não têm outra explicação senão a realização de seu desejo por uma capacidade nuclear militar, é um país que avançará assim que puder". Ele também se referiu ao ataque terrorista contra a comunidade judaica em Sydney, na Austrália, no último dia 14, ao dizer que "Israel vai encontrar os terroristas iranianos e seus mandantes". Ou seja, ele atribui responsabilidade ao Irã pelo ataque. "A justiça será feita e será vista", disse.  Para além do programa nuclear, outro ponto que preocupa as autoridades israelenses é o programa iraniano de mísseis balísticos.  Em meio a todas essas declarações, o grupo de hackers Handala, ligado ao Irã, afirmou ter invadido o telefone celular do ex-primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. Além disso, milhares de israelenses receberam mensagens em seus telefones com uma convocação para colaborar com o país. O texto orienta os interessados a entrar em contato com as embaixadas iranianas no exterior. O governo israelense disse que os cidadãos não devem responder e apenas precisam bloquear o contato e apagar a mensagem.

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    Com apoio limitado à Ucrânia, Trump sanciona lei de defesa antes de negociações de paz nos EUA

    19/12/2025

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou nesta quinta-feira (18) a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA), que define o orçamento do Pentágono para o próximo ano. O texto autoriza um gasto recorde de 901 bilhões de dólares (o equivalente a R$ 4,5 trilhões), foi aprovado com ampla maioria no Congresso e estabelece prioridades estratégicas da política de defesa americana em um momento de alta tensão internacional. Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou nesta quinta-feira (18) a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA), que define o orçamento do Pentágono para o próximo ano. O texto autoriza um gasto recorde de US$ 901 bilhões (o equivalente a R$ 4,5 trilhões), foi aprovado com ampla maioria no Congresso e estabelece prioridades estratégicas da política de defesa americana em um momento de alta tensão internacional. A lei inclui um aumento salarial de quase 4% para militares, restrições a investimentos americanos na China e a liberação de recursos para a Ucrânia, às vésperas de uma nova rodada de negociações de paz que deve ocorrer em solo americano neste fim de semana. Apesar do discurso de Donald Trump de buscar um fim negociado para a guerra com a Rússia, o Congresso decidiu manter algum nível de apoio a Kiev. O texto reserva US$ 400 milhões (ou R$ 2 bilhões) para 2026 e outros US$ 400 milhões para 2027 dentro da chamada Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia, um programa que financia a produção de armas por empresas americanas destinadas às Forças Armadas ucranianas. Trata-se de um gesto político relevante para o governo de Volodymyr Zelensky, mas com impacto militar limitado. A guerra consome bilhões de dólares por ano, e o valor aprovado está longe de atender às necessidades do país. Diante disso, a Ucrânia segue pressionando aliados europeus por novas garantias financeiras. UE aprova € 90 bilhões para Ucrânia Horas antes da sanção do orçamento de defesa nos Estados Unidos, líderes da União Europeia viraram a noite negociando em Bruxelas um grande pacote de apoio à Ucrânia. Os líderes europeus alcançaram um acordo para desbloquear € 90 bilhões (R$ 583 bilhões) para ajudar a Ucrânia nos próximos dois anos, segundo o presidente do Conselho Europeu, António Costa. A soma será fornecida na forma de um empréstimo sem juros para Kiev, proveniente do orçamento do bloco.  A opção preferida pela Alemanha e a Comissão Europeia, a de recorrer aos ativos russos congelados na Europa, foi descartada após quatro horas de debates entre os dirigentes, a portas fechadas e sem telefones. Venezuela e América Latina Além da Ucrânia, a nova lei de defesa traz sinais claros sobre a política externa de Trump na América Latina, especialmente em relação à Venezuela. O texto inclui uma cláusula que pressiona o governo a prestar contas ao Congresso sobre as operações militares dos Estados Unidos no Caribe contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas. Parte do orçamento de viagens do secretário de Defesa, Pete Hegseth, fica bloqueada até que ele apresente aos parlamentares imagens completas e as ordens oficiais que autorizaram essas operações, que vêm gerando desconforto entre republicanos e democratas. Desde setembro, forças americanas atacaram 26 embarcações consideradas ligadas ao narcotráfico, com pelo menos 99 mortos. Trump afirma que os Estados Unidos estão em “conflito armado” com cartéis de drogas e já declarou, mais de uma vez, que ataques em terra podem ser o próximo passo, associando diretamente o governo de Nicolás Maduro a essas organizações. No Congresso, cresce a pressão por explicações, especialmente após a revelação de que dois sobreviventes de um ataque naval foram mortos em uma ofensiva posterior. Ainda assim, a maioria republicana tem bloqueado tentativas democratas de exigir autorização formal do Legislativo para novas operações militares na região. Questionado por uma jornalista se pensava em solicitar a aprovação do Congresso para realizar ataques em terra na Venezuela, Trump disse nesta quinta-feira que não se sente obrigado a informar o Congresso, por temer algum tipo de vazamento por parte dos legisladores. "Eu não me importaria, mas [...] não preciso dizer a eles. Está comprovado, mas não me incomodaria em absoluto", afirmou. "Apenas espero que não vazem [informações]. Vocês sabem, as pessoas vazam. São políticos, e vazam como uma peneira", acrescentou o republicano. No caso da Venezuela, a estratégia de Trump tem sido descrita por fontes da própria administração como uma política de pressão gradual, como o bloqueio de navios petroleiros na costa do país, em vez de uma intervenção militar direta. O objetivo final, segundo essas fontes, segue sendo o mesmo: isolar e enfraquecer Nicolás Maduro até provocar sua queda, sem lançar, por ora, uma grande operação em território venezuelano. Tropas na Europa e OTAN A lei também impõe limites claros a qualquer retirada de tropas americanas da Europa. O Pentágono fica proibido de reduzir o número de militares no continente para menos de 76 mil por mais de 45 dias, sem antes consultar aliados da OTAN e justificar que a medida atende aos interesses de segurança nacional dos Estados Unidos. O texto ainda impede que os Estados Unidos abram mão do comando militar da aliança, um recado direto para conter eventuais tentativas de Trump de reduzir o envolvimento americano na OTAN. Negociações de paz Enquanto isso, as negociações para tentar encerrar a guerra entram em uma fase decisiva. Negociadores da Ucrânia já estão a caminho dos Estados Unidos para reuniões com a equipe americana, enquanto uma comitiva russa também deve se encontrar com representantes de Washington em Miami neste fim de semana. Zelensky admite que ainda não há uma proposta de paz alinhada e voltou a pedir mais apoio internacional, diante da pressão crescente do governo Trump para que a Ucrânia faça concessões. As conversas seguem abertas, mas, por enquanto, sem sinais claros de avanço imediato.

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    Apuração de estudantes de jornalismo alemães liga drones misteriosos à Rússia

    18/12/2025

    O ano de 2025 registrou nada menos que 2.000 sobrevoos de drones não identificados sobre o espaço aéreo da Alemanha, levando ao fechamento de aeroportos e a uma permanente tensão ao redor de bases militares do país. Em meio ao segredo da investigação da polícia federal alemã, um grupo de estudantes de jornalismo conseguiu traçar a conexão entre os drones, navios cargueiros de tripulação russa e a estatal de energia nuclear russa Rosatom. Gabriel Brust, correspondente da RFI em Düsseldorf A desconfiança é geral: de que têm origem russa os chamados enxames de drones que foram avistados ao longo de 2025 sobre a Alemanha. A polícia federal alemã trata com cautela o tema e divulga informações esparsas, que sugerem essa ligação com a Rússia. O que a investigação feita por um grupo de sete estudantes de jornalismo da Axel Springer Academy de Berlim traz, pela primeira vez, são indícios fortes de que os drones podem ser mesmo espiões russos. O grupo de alunos chegou a perseguir um navio suspeito pelo Mar do Norte usando o seu próprio drone. A apuração foi validada por respeitados veículos de jornalismo alemão, o jornal Zeit e a revista Bild, que publicaram a história na íntegra. Navios cargueiros suspeitos Tudo começou com o cruzamento de informações sobre as datas em que drones foram avistados sobrevoando bases militares alemãs e a movimentação de navios cargueiros com alguma ligação com a Rússia pelo Mar Báltico e pelo Mar do Norte, ambos ao norte da Alemanha. Somados a isso, veio o vazamento de relatórios da BKA, a polícia federal alemã. A apuração conseguiu estabelecer correlações temporais e geográficas entre os avistamentos de drones e as posições de três navios. Usando rastreamento por satélite, eles identificaram que os cargueiros Lauga, HAV Snapper e HAV Dolphin fizeram trajetos suspeitos, em zigue-zague, algo completamente atípico para cargueiros comerciais, que em geral navegam em linha reta. Estas movimentações anormais ocorreram justamente em maio deste ano, quando drones foram avistados na baía de Kiel, no norte da Alemanha, onde ficam bases navais e indústrias de defesa, como a ThyssenKrupp Marine Systems. Ligação com a estatal russa Rosatom Depois dos incidentes com drones, o navio Lauga seguiu para São Petersburgo, na Rússia, atracando no terminal da Petrolesport, uma empresa ligada à estatal russa de energia nuclear Rosatom. Antes disso, em 2024, ele havia permanecido por um período no porto sírio de Tartus, que era um importante ponto de apoio militar russo no Mediterrâneo. Já os navios HAV Snapper e HAV Dolphin têm histórico de permanecer longos períodos no Pregol, em Kaliningrado, na Rússia, estaleiro que mantém estreitas ligações com o Exército russo, inclusive com a Rosatom. O HAV Dolphin inclusive passou um mês ancorado em Kaliningrado pouco antes de se dirigir à Alemanha. Para completar, dois destes três navios foram inspecionados pela polícia federal alemã, que comprovou que toda a tripulação era russa, mas não encontrou drones. A própria polícia, no entanto, reconhece que a equipe era pequena e não tinha condições de procurar em todos os contêineres. Caça ao navio suspeito Durante a investigação, o grupo de estudantes de jornalismo descobriu que um dos navios suspeitos, o HAV Dolphin, estava naquele momento ancorado em um porto no norte da França. Eles foram até lá, mas o cargueiro já tinha partido. A partir daí, iniciou-se uma perseguição de 2.500 quilômetros, de porto em porto, pelas costas da França, da Holanda e da Bélgica. O navio suspeito de carregar drones russos continuava andando em zigue-zague, parecendo que ancorararia no próximo porto, mas de repente mudava sua rota, em um comportamento estranho e similar ao verificado na costa alemã. Por fim, ele ancorou em um banco de areia a 25 quilômetros da costa, bem em frente a uma base militar belga. Foi então que os estudantes de jornalismo usaram seu drone: saindo da costa, eles sobrevoaram o HAV Dolphin e fizeram imagens detalhadas do navio. Fontes de segurança da Alemanha depois confirmaram que a tripulação era composta 100% por homens de nacionalidade russa. Os detalhes dessa investigação estarão em um documentário que será lançado ainda este ano.

Acerca de Linha Direta

Bate-papo com os correspondentes da RFI Brasil pelo mundo para analisar, com uma abordagem mais profunda, os principais assuntos da atualidade.
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